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terça-feira, junho 13, 2006

Cabinda: Vinte e oito detidos durante a tomada de posse de Dom Filomeno Viera Dias

Dezasseis meses após a sua conturbada nomeação como bispo de Cabinda, Filomeno Vieira Dias tomou posse, sábado, 10, na capital do enclave, num ambiente considerado pelas autoridades «calmo» e «sem incidentes», embora no mesmo dia tenham sido detidos arbitrariamente 28 activistas dos direitos humanos.
Nomeado bispo de Cabinda a 11 de Fevereiro de 2005, Filomeno Vieira Dias «tomou posse» no sábado, dia 10 de Junho, na Sé Catedral, num ambiente de «calma» e «sem incidentes». Todas as previsões apontavam para uma investidura de «elevado risco» e, consequentemente, demasiado mediatizada, o que levou «o regime a disponibilizar meios de repressão visíveis, embora muitos deles disfarçados como civis».
Após 16 meses de silêncio, quase absoluto, referente aos incessantes protestos contra a sua nomeação, Filomeno Vieira Dias desembarcou na passada sexta-feira, no Aeroporto João Paulo II, em Cabinda, perante uma improvisada recepção, sem euforias, onde se destacavam as principais individualidades político-militares do enclave, além do presidente da Mpalabanda - Associação Cívica de Cabinda (MACC), Agostinho Chicaia, que pretendeu assim dissipar rumores que circulavam em como a MACC pretendia «provocar distúrbios durante o evento».
Acusações «absolutamente infundadas», como declarou o presidente da Mpalabanda ao Ibinda.com.
Depois de uma pequena manifestação de boas-vindas protagonizada por algumas crianças do Orfanato Betânia, as cerimónias prosseguiram sem incidentes. Sábado, dia 10 de Junho, foi oficializada, na Sé Catedral, a «contestada investidura» num ambiente calmo e também «sem incidentes», tal como assinalaram as autoridades angolanas.
Com um forte dispositivo policial em torno da Sé, e além da presença de altas autoridades militares, foi notória a fraca adesão popular assim como a ausência quase total dos padres de Cabinda e das individualidades locais, com excepção de Paulino Madeca e dos cinco padres da denominada «ala legalista», revelando a forte tensão e «contestação silenciosa» reinante durante este evento, que resultou na interdição, pelas forças policiais, do padre José Mampumbo assistir às cerimónias.
A ausência mais notória foi da maioria dos padres locais, considerados como «contestatários», que justificaram a sua «não comparência» com o facto de «não terem sido convidados». Os poucos que, à última hora, receberam os convites, declinaram, explicando que, por decisão da Cúria Romana, estavam impedidos de participar em qualquer celebração eucarística pública, podendo fazê-lo apenas em privado, afirmou fonte ao Ibinda.com.
«Nós vamos conversar, vamos dialogar, vamos nos encontrar e eu estou muito esperançoso», declarou Filomeno Vieira Dias à antena da Rádio Renascença pouco antes da sua partida para Cabinda, levantando o véu da contestação local à sua nomeação. «Eu tenho o dossier Cabinda presente e acredito que estando lá, vamos aprofundar este diálogo de forma positiva, de forma corajosa», acrescentou.
No entanto, menos de três horas após as celebrações da sua «investidura» na Sé Catedral, 28 activistas dos direitos humanos, membros da Mpalabanda que se preparavam para uma reunião no salão da Igreja Imaculada Conceição com objectivo de definirem o «estabelecimento de boas relações com a Igreja e o actual bispo», tal como confirmou Agostinho Chicaia ao Ibinda.com, foram imediatamente cercados e detidos por agentes da polícia, sem que tenha sido «formulada qualquer acusação» contra os mesmos.
Foram apenas alegadas «medidas preventivas de segurança», declarou o presidente da Mpalabanda após ter sido submetido a um interrogatório nas instalações da Polícia de Investigação Criminal.
Agostinho Chicaia afirmou também que foi a primeira vez que viu as autoridades policiais e militares angolanas «preocupadas com uma detenção» sobre a qual «não sabem justificar os seus motivos concretos». Os mesmos terão manifestado «inquietude» por terem provocado um «incidente» durante as cerimónias da investidura do novo bispo que se pretendia «sem incidentes».
O Ibinda.com pôde apurar às 18h00 locais de domingo, 11 de Junho, os 28 activistas dos direitos humanos foram libertados após «a polícia e os militares», em consonância com o Governo Provincial, terem exigido a Agostinho Chicaia, como condição para a libertação, que este assinasse um documento onde se comprometia, em nome da associação, a não utilizar «recintos da Igreja Católica» para as reuniões da Mpalabanda. Os referidos activistas foram igualmente obrigados a «rubricar» o mesmo documento.

Fonte: O Apostolado

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