O Arauto

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domingo, outubro 14, 2007

Macacos escondidos com o rabo (sujo e) de fora

Com o assentimento do filho de um respeitável médico angolano, andam macacos sem amendoim a assinar em meu nome comentários menos bons sobre o que aconteceu recentemente ao jornalista e director do "Semanário Angolense", pessoa por quem tenho estima, admiração, respeito e de quem já fui (com muito orgulho) pupilo no bissemanário "Folha 8".
Por isso não vou deixar que a água continue a rolar debaixo da ponte do engano com o perverso e inopinado propósito de provocar intrigas no seio das classes jornalística, política e intelectual angolanas, cujo fito é o de iludir a Opinião Pública interna e estrangeira relativamente à minha posição sobre a injustiça da Justiça nacional que levou ao indevido julgamento e consequente encarceramento do jornalista Graça Campos, um profissional de primeira água.
Quem me conhece e lê os meus escritos no Notícias Lusófonas (NL), e não só, sabe qual é a minha posição sobre o assunto. Em tempo oportuno já tive a oportunidade de manifestar (e aproveito a ocasião para reiterar) o meu magoado protesto sobre a desgraça de Graça Campos.
Os comentários estão a ser feitos ( e podem ser vistos) num determinado site, cuja manutenção conta com o concurso de um general, que, nos dias de hoje, é tido como sendo o segundo homem mais poderoso do País.
Peço a indulgência do gestor do site e do seu "sponsor" que deixem de me perseguir (não é a primeira vez que tal acontece) e de usarem abusiva e indevidamente o meu nome em comentários com os quais nada tenho a ver e ideias que não perfilho.
Nota - O tal filho do médico de que Vos falo chama-se é Sérgio Valentim Neto, coetâneo da filha do presidente da República, Tchizé dos Santos. O site é o Angonotícias, o general é Hélder Vieira Dias Júnior (Kopelipa).

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O «regresso» do Orlando Castro

Depois de ter decidido colocar um ponto e vírgula às suas opiniões relativas à terra que o viu nascer, e que ama como ninguém, eis que Orlando Castro (o jornalista que, parafraseando o meu amigo e Mestre Eugénio Costa Almeida, tem a notícia na ponta dos dedos e transmite-a com seriedade e agudeza que o caracteriza aos seus fiéis leitores) está de volta (eu Te saúdo por isso!) e sempre igual a ele mesmo, sobretudo quando o assunto é, e tem a ver com, Angola.
E Orlando Castro não poderia ter (re)começado da melhor maneira. O jornalista (re)começa a sua coluna Alto Hama, aqui no NL, afirmando que se recorda de «há já uns anos Paulo Tchipilica fazer uma conferência, no âmbito do Congresso para a paz e a reconciliação em Angola, em que – então como ministro da Justiça – disse que a democracia é a melhor forma possível de Governo, defendendo que a democracia evita a tirania, salvaguarda a liberdade, garante a alternância do poder e remove pelo voto as consequências negativas da megalomania e do caciquismo que o exercício do poder oferece».
Por isso o jornalista pergunta: «Será que este Paulo Tchipilica é o mesmo que agora, como provedor, acha que a tirania, ao contrário da democracia, salvaguarda a liberdade, garante a alternância do poder e remove pelo voto as consequências negativas da megalomania e do caciquismo que o exercício do poder oferece?» .
Não meu caro amigo, este Paulo Tchipilica (digo eu) não é o mesmo de que Te recordas. Este é aquele Paulo Tchipilica que enquanto foi ministro da Justiça acaparou-se dos emolumentos de Justiça que iam parar aos cofres do seu pelouro.
Orlando Castro diz ainda no seu escrito que «nessa longa e meritória intervenção em que historiou a origem da democracia na história universal, há cerca de 2.500 anos na Grécia, Paulo Tchipilica, defendeu que a democracia é possível em África, salientando que o continente negro só com democracia pode acabar com a miséria e a guerra e dar-se ao respeito».
Por essa razão, com toda (e mais alguma legitimidade), Orlando Castro pergunta: «Será o mesmo Paulo Tchipilica?». Não meu caro amigo, este Paulo Thipilica é (digo eu) outro. O tal que enquanto ministro «picou» e transformou a secretária em concubina e depois com o dinheiro tirado indevidamente dos cofres do Estado comprou um apartamento para a mesma.
O então ministro da Justiça, prossegue o jornalista, referiu-se na altura a Jonas Savimbi, comparando-o com o Jonas da Bíblia que depois de ter fugido às ordens de Deus, foi castigado pelos homens e acabou por se arrepender e cumprir a missão que Deus inicialmente lhe destinou. «Será o mesmo Paulo Tchipilica que agora se sentiu ofendido pelo que escreveu o director do Semanário Angolense, Graça Campos, levando a que o jornalista fosse preso por delito de opinião?».
Não meu caro amigo, este Paulo Tchipilica (digo eu) é aquele que, com os seus compinchas, se quis aliar (ou aliou-se mesmo?) ao Menos Pão Luz e Água «vendendo» o Fórum Democrático Angola (FDA).

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PADEPA à beira do princípio do fim

Carlos Leitão e Luís Silva Cardoso são os “actores” principais do escândalo vergonhoso que está a pôr em causa o capital político acumulado ao longo destes anos todos pelo PADEPA e a deixar o seu crédito por mãos alheias e a fazer com que os angolanos procurem nas próximas eleições uma alternativa à altura que não seja nem a UNITA e muito menos o MPLA.
O PADEPA, o único que sabe(ia) agarrar o regime pelos cornos, é (era) uma organização política coesa, forte e arrojada, cujas marcas são o nervo, a arte e o arrojo juvenil. Digo que é, e ao mesmo tempo que era, uma organização política coesa porque acredito que a réstia e o pingo de vergonha que resta na cara de Carlos Leitão e Luís Silva Cardoso irão certamente salvar o PADEPA.
Foi com o coração condoído que tomei conhecimento do que se está a passar no PADEPA e trespassa-me o cérebro a dor de saber que a desavença entre Carlos Leitão e Luís Silva Cardoso está longe de conhecer o seu desfecho. Não sei porque cargas d’água não me sai da memória a imagem de Carlos Leitão e Luís Silva Cardoso a passearem-se pela cidade no Hyundai verde, que era propriedade do primeiro.
Recordo-me deles a baterem à porta da AJPD para darmos uma mãozinha nos seus discursos e estratégias política. Sempre ajudei (ajudamos) o PADEPA por ser um partido jovem e que parecia ter uma visão clara da causa que defendia. Fi-lo sempre com o maior prazer dos prazeres.
Por isso custa-me a crer, apesar dos factos que têm sido vazados para Imprensa, que os propósitos políticos de Luís Silva Cardoso e Carlos Leitão tenham tomado rumos diferentes. Recuso-me (é um Direito que me assiste) a aceitar que o PADEPA esteja hoje fraccionado, e dividido em dois (já estou a ver alguém a esfregar as mãos de contente).
Pergunto aos meus botões como estará a Precol, que um dia apostou em Luís Silva Cardoso e Carlos Leitão?
Como estará o Rangel que um dia acreditou na causa do PADEPA?
Como estarão os intelectuais (são alguns, mas quase todos) que por terem invariavelmente o rabinho entre as pernas se reviam nas manifestações promovidas contra o regime pelo PADEPA?
Qual será o grau de desilusão neste momento no País que um dia fez fé e apostou na luta promovida pelo PADEPA?
Quero crer que o que está a acontecer no PADEPA será ultrapassado. Quero crer que a maturidade política os levará a ultrapassar esta situação. Assim creio, assim quer a juventude, assim espera o País. Mesmo que Frederico Luís Cardoso e Julião Mateus Paulo Dino Matrosse (director de gabinete do vice-presidente do MPLA e SG) tenham subornado Luís Silva Cardoso, quero crer que o bom senso há-de prevalecer. Mesmo que a estratégia dos mais fortes seja a de dividir para melhor reinar, quero crer que a amizade, aquela dos bons e velhos tempos da Precol, entre Luís Silva Cardoso e Carlos Leitão há-de sobrepor-se à ambição que quer afogar a causa que os levou a formar o PADEPA.
A juventude, neste momento, está de olhos postos no PADEPA. A juventude espera que o desfecho deste escândalo seja frutuoso, sob pena de desiludirem os que acreditam, acreditaram em Carlos Leitão e Luís Silva Cardoso. É que de políticos aventureiros, cobardes e que só olham para o seu umbigo está o País cheio. Aliás, estão aos montes e pontapés no país.
Por isso aqui fica o meu humilde apelo: Lipe (Luís Silva Cardoso) e Mampitas (Carlos Leitão), à bem da democracia e da reivindicação política, ultrapassem lá isso.

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Uma espera de 15 anos...em Moçambique

Foi num dia como o que se assinala amanhã, 4 de Outubro, que o então presidente Joaquim Chissano – um dos mais hábeis diplomata que a FRELIMO tem nas suas fileiras – e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama – um dos guerrilheiros mais conhecidos do mundo lusófono –, decidiram que o solo devia deixar de ser regado pelo sangue e o suor do Povo. (Mau grado, quinze anos depois da institucionalização da Paz, as instituições do Estado estarem, com o culpável patrocínio de algumas chancelarias sedeadas em Maputo, cada vez mais partida rizadas).
Foi num dia como o que se assinala amanhã, 4 de Outubro, que Chissano e Dhlakama prometeram um Estado de Direito Democrático; um Estado onde o primado da Lei estaria acima de tudo e mais alguma coisa. (Mau grado, quinze anos depois da institucionalização da Paz, os advogados e magistrados serem espancados, surrados, escalavrados, baleados sem apelo nem agravo por agentes da PRM e os tribunais andarem a reboque do Governo).
Foi num dia como que se assinala amanhã, 4 de Outubro, que Chissano e Dhlakama prometeram ao Povo o acesso – desde que competentes, pois claro! - à Função Pública.
(Mau grado, quinze anos depois da institucionalização da Paz, continuar a existir células partidárias nas empresas e aos candidatos às vagas nestas ser exigido o cartão do partido no poder)
Foi num dia como o que se assinala amanhã, 4 de Outubro, que Chissano e Dhlakama disseram que poderíamos cantar em uníssono as belezas do nosso Moçambique e caminhar de mãos dadas rumo a um futuro risonho (como se alguém pudesse rir quando de barriga vazia!)
(Mau grado, quinze anos depois da institucionalização da Paz, ainda andar-se à porrada no interior do País).
Foi num dia como que se assinala amanhã, 4 de Outubro, que Chissano e Dhlakama disseram ao Povo que devíamos meter na cabeça de uma vez por todas que somos, afinal, troncos da mesma arvore – Moçambique.
(Mau grado, quinze anos depois da institucionalização da Paz, olharmos para quem não é da nossa cor política de soslaio, como se de inimigo se tratasse).
Foi num dia como o que se assinala amanhã, 4 de Outubro, que Chissano e Dhlakama fizeram crer daí para frente combater-se-ía a pobreza.
(Mau grado, quinze anos depois da institucionalização da Paz, constatar-se que ao invés de se combater a pobreza está a combater os pobres) Seja como for, esta é a paz que temos no nosso reino. Ou melhor, no reino de Guebuza!

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Da impunidade dos filhos à mendicidade dos enteados

Os partidos políticos na Oposição na província de Tete estão terminantemente proibidos de realizar as suas actividades junto do povo. A FRELIMO e o seu presidente, que, por acaso, também é chefe de Estado, são os únicos legalmente habilitados ao exercício de actividades políticas naquela região centro de Moçambique.
Quem assim o determina (pelo menos é o que vem plasmado na última edição do semanário Zambeze) é o chefe do posto administrativo de Charre, distrito de Mutarara. O que dizer de uma situação flagrante e caricata como esta? Nada, que seja lamentar pela Paz e Democracia que, com iniciativas do género e a mando de Alguém a partir de Maputo, estão à partida feridas de morte.
O que dizer deste ridiculo caso de abuso e atentado aos Direitos cívico-políticos dos moçambicanos? Nada, nada que não seja concluir que a ser observada a orientação do chefe do posto administrativo de Charre será nada mais nada menos que o perpetrar da mais pavorosa cena de intolerância política contra o partido dos partidos, o Povo moçambicano.
Mesmo com os dezanove países a desenbolsarem dinheiro quanto baste para que valores como Transparência, Democracia e Boa Governação vinguem, tudo indica que a intolerância política em Moçambique está a atingir o patamar da perversão política. E, convém dizê-lo, a praga da intolerância política só atinge o patamar da perversão quando um outro valor há muito não vigora (ou nunca vigorou): a democracia.
E se a democracia vigora, então há quem queira, com o assentimento de Maputo, aniquilar a Democracia que vigora em Tete. Há quem quer queira matar este valor político sagrado para a paz em Moçambique.
Por isso, e apesar de ainda não ter sido morta na sua totalidade, não fica mal desejar, embora de forma antecipada, paz à alma da Democracia moçambicana que está prestes a morrer sem nunca ter atingido a maioridade.

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Quem mais tem é quem mais rouba

O novel secretário-geral das Nações Unidas e o vice-presidente do Banco Mundial revelaram que cerca de 40 biliões de dólares são saqueados anualmente nos países mais pobres do planeta, principalmente por pessoas que ocupam cargos nos órgãos do Estado (e, acrescento eu, nos do partido no poder). Ban-Ki-moom e Robert Zoellick, que fizeram tal revelação segunda-feira em Nova York, aquando do lançamento da campanha para a “Recuperação de Activos Roubados”, comprometeram-se perante os países em desenvolvimento a recuperar os fundos nacionais usurpados por ex-governantes corruptos.
A iniciativa Ki-moom e Zoellick é louvável, mas, quanto a mim, está, à partida, condenada ao fracasso pelo facto de os seus mentores não terem feito as contas como deve ser (sim, os cálculos foram mal feitos sim senhor!).
Acaso saberão estes dois magnificentes diplomatas o que são 40 biliões de dólares para quem está (i)legitimamente há mais de 10 anos no poder? Não sabem certamente. É que se soubessem saberiam que, em África, a soma em apreço é nada mais nada menos do que o troco da comissão de um negócio bem sucedido, sobretudo quando feito à pala do cargo que se ocupa num órgão do Estado ou ainda no partido no poder.
O projecto em referência peca (digo eu) por abranger apenas ex-governantes corruptos e deixar de fora os governantes corruptos ou os políticos candidatos a corruptos. Está-se mesmo a ver que os mentores desta ideia nada sabem sobre corruptos e corrupção, sobretudo em África.
Se os donos da ideia soubessem alguma coisa sobre o nosso continente jamais teriam dito que não deve existir santuários para os que roubam os pobres.
Pois é. Está-se mesmo a ver que os excelsos diplomatas não sabem, por exemplo, que os tais (ex) governantes têm (muitas vezes em nome da amante quando não do enteado da amante) grandes casas e luxuosas mansões nas zonas mais nobres do mundo.
Como se vai provar, nestes casos, que tais casas ou mansões foram adquiridas com dinheiros públicos? Gostaria de obter uma resposta.
Contudo, cá estarei também para pagar 40 biliões caso o projecto (faço figas para tal) vingue e seja bem sucedido.

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Reedição do fuba podre, peixe podre e porrada se refilares?

O proprietário da ex-Sociedade Cerâmica de Moçambique (CIMOC) é acusado de violar constante e sistematicamente a Lei laboral vigente no País e de destratar os cento e vinte trabalhadores moçambicanos ao seu serviço. Segundo uma carta assinada pelos trabalhadores a que agência Lusa teve acesso, os funcionários descrevem a atitude de Manuel Pereira, de nacionalidade portuguesa, como sendo “exploratória” e “racial”.
Os funcionários revelam na carta que não recebem os seus vencimentos há três meses e dão conta de actos de violência física protagonizada pelo proprietário da CIMOC. Para além de pisotear as leis vigentes no País, Manuel Pereira, diz o referido documento, faz tábua rasa às recomendações sanitárias ao não fazer as inspecções sanitárias periódicas, uma situação que já terá ditado a morte de oito trabalhadores, vítimas de doenças pulmonares. Os trabalhadores botaram a boca no trombone, agora vamos ver o que acontece.
Vamos esperar que as autoridades passem à acção no sentido de defender a honra, a dignidade e os Direitos moçambicanas. Vamos esperar que o Governo não fique com o rabinho entre as pernas. Vamos esperar, isto sim, que os servidores públicos tomem uma atitude consentânea com a vontade que se tem de erguer o Estado de Direito no País.
Se o Executivo continuar inactivo ante esta denúncia seremos obrigados a concluir que, afinal, o facto de se ser próximo (amigo, familiar ou ainda camarada) do Presidente Armando Guebuza implica estar acima da Lei e fazer impunemente tudo (e mais alguma coisa) o que nos dê na telha, ainda que seja desrespeitar os Direitos Fundamentais do cidadão-eleitor moçambicano.
Vamos aguardar que a Presidência da República faça um comunicado público a demarcar-se da atitude de Manuel Pereira porque não cremos que este órgão de soberania caucione abusos contra moçambicanos. Se proceder de forma contrária teremos todo (e mais algum) Direito de pensar que foi (é) a Presidência da República que manda Manuel Pereira tratar os moçambicanos abaixo de cão.
Vamos pensar com todo (e mais algum) Direito que é entendimento da PR que em Moçambique não existem trabalhadores, mas sim assalariados tal como no tempo colonial. Os moçambicanos fazem Manuel Pereira prosperar, ter carros, casas, “senhora” e, certamente, barriga grande. E o que é que recebem em troca? Nada, nada que não seja porrada! Assim, comparado com o que se passava no tempo colonial estamos pior. Estamos pior porque no tempo colonial só se dava porrada se se refilasse, mas, entretanto, o colono jamais se esquecia de dar peixe e fuba, ainda que podre.
Hoje por hoje, trinta e dois anos passados desde a (in) dependência de Moçambique, Manuel Pereira – o tal que tem muito dinheiro e é amigo de Armando Guebuza – limita-se a dar porrada. Apenas isso e nada mais do que isso, esquecendo-se de dar ao menos o peixe e a fuba. Ainda que podres.
Eusébio Ferreira da Silva vive há mais de trinta anos em Portugal, é amigo do Presidente português e tem dinheiro quanto baste. Mas não creio que ao Pantera Negra seria permitido tratar os seus empregados abaixo de cão. Tenho dúvidas. Sérias dúvidas mesmo.

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Mukanda para o Orlando Castro

"Sempre defendi que Angola não se define – sente-se. E o que sinto pelo meu País é, portanto, algo que não se define. Continuo a sentir o mesmo de sempre apesar de, a partir se agora, deixar de escrever sobre Angola. Os, admito que sejam ainda alguns, leitores deste espaço e dos temas angolanos mereciam uma explicação mais pormenorizada. Posso mas não devo dar essa explicação. Fico em dívida, assumo. Talvez um dia, a partir de um qualquer outro ponto do globo, quem sabe se mesmo de Angola, eu possa pagar essa dívida, eventualmente com juros…", escreve o meu amigo Orlando Castro na sua coluna Alto Hama.
O Orlando, como sempre, terá certamente motivos mais do que legítimos para deixar (por algum tempo, creio eu) de escrever sobre Angola - a mulher e mãe de todos nós que - apesar de a guerra ter conhecido o seu ponto final a 2 de Fevereiro de 2002 - ainda chora, e em determinados (re)cantos ainda sangra.
Muito honestamente não sei quais são, nem interessa saber agora, as razões, os motivos que Te levam a tomar tal decisão, mas tenho a certeza de que continuarás, como sempre, agarrado ao seu pano, à sua saia (ou não fosse ela nossa mãe).
Não interessa agora saber o que esteve na base desta inopinada decisão - que merece o meu preito de consideração e respeito - agora porquanto conheço-Te como homem de honra e palavra.
Por isso sei que a qualquer momento, a qualquer hora, qualquer dia os leitores do Alto Hama, e não só, terão uma explicação (justificação) da Tua parte. Sei que hás-de fazê-lo. Sei por que conheço-Te. (In)depentemente dos motivos que Te animaram a tomar esta decisão (que me deixa constristado, admito) sei que jamais esquecerás os que não têm voz.
Tenho plena certeza de que os angolanos, apesar de viverem num País que se tornou independente a 11 de Novembro de 1975, que ainda são humilhados, sovados, escalavrados e excluídos poderão, disso tenho a certeza, contar com a Tua voz para que possam ter voz.
Repito: (in)depentemente das razões que Te levaram a tomar tal decisão, quero, meu caro, meu velho, meu amigo, que saibas que estou contigo. Quero que saibas que esta(re)mos juntos. Sempre!
Abraço forte!

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Quem explica a verdadeira razão da demissão do PGR?

Apesar de o chefe de Estado, Armando Guebuza, o ter «serrado» (leia-se exonerado) com base na faculdade que lhe é conferida pelo estatuto jurídico-político (Constituição) do País e sob o argumento da conveniência de serviço, o cidadão-eleitor continua «zonzo» por desconhecer, até ao presente momento, quais foram as verdadeiras razões que estiveram na base da compulsiva e inopinada desobrigação do jurista Joaquim Madeira do cargo de Procurador-Geral da República (PGR).
Nomeado para o cargo no ano de 2000 pelo então Presidente da República Joaquim Chissano, Joaquim Madeira ter-se-á iludido a si mesmo ao deixar-se embalar pela cantilena do combate ao “deixa-andar”, julgando-se assim aliado do timoneiro do “deixa-queimar”.
Daí ter pensado que, como aliado do guia do “deixa-queimar”, era preciso e imperioso “queimar” tudo que fosse contra legem. Daí ter julgado que o País tomaria um curso político normal e que, pela primeira vez ao longo do seu consulado, poderia arregaçar e fazer juz às competências que no quadro do Sistema Judiciário lhe eram conferidas pela Constituição da República.


Ledo engano! E a provar o seu equivoco está o jornalista Lázaro Mabunda que, na última edição do semanário “O País”, diz que o então PGR foi vítima de si mesmo.

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Obrigado Pai! Eternamente obrigado.

Há cerca de seis meses que tenho o meu pai no leito de um hospital do «jardim à beira-mar plantado (Portugal)» - aonde quando queremos esticar os braços um vai dar à Espanha e o outro ao Oceano Atlântico, devido à exiguidade de espaço - a convalescer de um cancro. Ao meu pai (tal como à minha mãe, ai que saudades Dona Maria Helena!) devo tudo (e mais alguma) coisa. É uma dívida sem fim, jamais conseguirei pagar. Mesmo que tenha prata, ouro, mirra, diamante, enfim, estas riquezas fugidias, jamais conseguirei solver a minha dívida.
Tudo que sei (ou pelo menos julgo saber) e sou (será que vivo para servir?) a ele(s) devo. Por exemplo, foi o meu pai que me mostrou o significado das palavras. Foi dele que fiquei a saber quão poderosa são as palavras, que fiquei a conhecer a força que têm as palavras escritas ou ainda pronunciadas. Tomei conhecimento, e cada vez mais tomo disso consciência, por Seu intermédio, que a palavra é, sempre foi, mais poderosa que a espada.
Foi nos anos oitenta, no escritório de casa, ali no Maculusso junto à Liga Africana, que me acostumei e me afeiçoei ao doce e suave matraquear da máquina de escrever quando ele redigia artigos para o jornal ou as suas crónicas para a rádio. Foi neste mesmo espaço que aprendi a amar e (re)conhecer o livro como instrumento pedagógico, mesmo que seja de uma prosa insonsa.
Lembro-me que nos momentos de pausa, o meu pai acendia o cachimbo (ai que saudades daquele aroma, que saudades!) e conversávamos sobre várias coisas e coisas várias. Recordo-me, por exemplo, que depois do almoço assistíamos sempre a um filme, enquanto tomava (mos) café. Depois do filme “obrigava-me” a fazer um resumo escrito do filme.
Ainda está on-line no disco duro da minha memória (ou não fosse a memória feita também, e sobretudo, de memórias) que o meu pai foi a primeira pessoa a quem manifestei o desejo de ser Jornalista. Tenho memória de que, na ocasião, mandou-me fazer uma composição na qual pudesse explicitar as razões do desejo de ser «operário da caneta».
Doze meses depois lembro-me de ter ingressado no Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL) para frequentar durante cinco anos curso de Jornalismo, que tinha como coordenadora a amada e, ao mesmo tempo, odiada a saudosa e malograda Gabriela Antunes.
De lá para cá, passaram-se quase vinte anos. Muita coisa mudou e, como era de esperar, a vida deu muitas voltas. Transcorrido todo esse tempo muita coisa aconteceu: plantei uma arvore na antiga propriedade da minha mãe (mãe, essa doce palavra!); escrevi um livro; fiz filho(s) e depois abracei o curso de Direito.
Contudo, o amor pelo Jornalismo que o meu pai inculcou em mim (sempre) falou mais alto. Prova disso é que aqui me mantenho. Foi (é) por “culpa” do meu pai que passei a acreditar, e acredito, que o Jornalismo quando feito de forma séria e profissional induz à mudança de uma Sociedade. E, convenhamos, muita coisa precisa de mudar nos PALOP’s.
Por isso, enquanto Armando Guebuza (Moçambique) continuar a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada, tudo farei para que a pena não me doa para dar conta disso.
Enquanto Eduardo dos Santos (Angola) continuar a patrocinar a cleptocracia, a intriga e a abusar do poder que a Constituição lhe confere, tenho a convicção que O Orlando Castro não se vai calar.
Enquanto Nino Vieira (Guiné-Bissau) continuar a confundir a pátria de Amílcar Cabral com uma qualquer tabanca, tenho fé que o meu amigo de Alverca, o Fernando Casimiro, o Didinho, vai levantar a sua voz.
Enquanto Pedro Pires (Cabo Verde) continuar a iludir a Comunidade Internacional que as ilhas da morabeza resume-se à morna, morenas e grogue, vou, com todo o Direito que me assiste (e permitam-me o brasileirismo), botar a boca no trombone.
Enquanto Fradique Menezes continuar a confundir São Tomé com um bazar qualquer aonde pode ampliar os seus negócios sei que o Mestre e amigo Eugénio Costa Almeida não vai descansar.
E tudo isso porque nos PALOP está a continuação da nossa luta!
Por isso, aqui deixo o meu preito de saudade e consideração, na esperança de que possa voltar logo-logo ao convívio das letras angolanas.
Obrigado pai, de seu nome, Dário Mendes de Melo!

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RENAMO - Dois coelhos com uma só cajadada?

Reunido recentemente na cidade da Beira, o Conselho Nacional da RENAMO decidiu, com toda (e mais alguma) legitimidade que lhe é inerente, adiar o congresso do partido para os próximos doze meses que se avizinham a passos largos e, com o Direito que também lhe assiste, colocar de parte a hipótese de formar uma coligação com outras forças políticas para fazer frente ao partido no poder nas eleições para as assembleias provinciais aprazadas para 16 de Janeiro de 2008.
O maior partido da Oposição, como não poderia deixar de ser, justificou publicamente a tomada das sobreditas decisões. Relativamente à primeira, o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, disse, por outras palavras, que o adiamento do referido conclave deve-se ao facto de se querer matar dois coelhos com uma só cajadada.
Tal cajadada concorrerá, por um lado, para que o congresso conte com o concurso de todos os seus deputados ao Parlamento, e, por outro lado, poderá militar (é bom que se alerte!) contra o próprio partido se se tiver em conta a importância transcendental que uma plataforma política (União Eleitoral) poderia representar nas próximas eleições a favor da RENAMO, facção que nos pleitos passados já teve vários amargos de boca, enquanto que a FRELIMO sempre se riu, cantou, embandeirou em arco e lançou foguetes devidos as suas vitórias nas urnas.
Contudo, e apesar da justificação dada dever-se à deferência que a RENAMO tem pelos seus militantes e pela Pátria-Amada, o dinâmico porta-voz do partido que tem a perdiz como símbolo, não disse o que o País gostaria de ouvir.
Fernando Mazanga não disse (terá esquecido?), por exemplo, que se Afonso Dhlakama for - e tudo indica que será mesmo - o candidato às próximas eleições presidenciais marcadas para 2009, e se as vencer, e sequentemente cumprir dois mandatos, poderá dirigir os destinos da RENAMO para além do ano de 2015.
Fernando Mazanga não disse, verbis gratia, aos militantes do seu partido que o facto de se ter acabado com o bloco que compunha a União Eleitoral poderá representar uma dispersão de votos e que a FRELIMO poderá tirar partido disso.

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Quem quer assustar Moyana e «sus muchachos»?

O semanário “Magazine Independente” (MI) foi assaltado domingo último por seis indivíduos armados, que feriram com gravidade um dos guardas do jornal e roubaram 12 computadores. Além de terem ferido gravemente o guarda do jornal, os assaltantes trancaram os jornalistas na casa de banho do referido periódico, sem, no entanto, lhes provocarem danos à sua integridade física.
Nada mal, nada mal mesmo para um País que até bem pouco tempo era tido como exemplo positivo no na região austral do nosso continente no que tange à Liberdade de Imprensa. Nada mal, nada mal mesmo para um País aonde um simples agente da PRM, a bem da democracia, vai às “fuças” de um causídico e, como se não bastasse, dispara contra o mesmo sem que nada aconteça, sem que ninguém mova palha.
Moçambique era até então um País bem referenciado quando se invocavam paradigmas de Estados de direito democrático na SADC, o que, admitamos, influenciava a Comunidade Internacional a não pensar duas vezes antes de abrir os cordoes à bolsa. A imagem que os jornalistas transportavam, por meio da caneta, para fora-de-portas tinha a sua influência nisso.
Hoje, Alguém, certamente avesso às liberdades conquistadas no Moçambique de Samora Machel e de Joaquim Chissano, quer ver-se livre da fama e do prestígio mundiais granjeados ao longo dos anos. Este mesmo alguém quer deixar o recado claro e inequívoco que a Imprensa moçambicana, e não só, está numa mão circunstancialmente aberta que se pode fechar a qualquer momento se não respeitar a razão da força que se está a implantar no País.
Será que Salomão Moyana e “sus muchachos” têm colocado força da razão acima da razão da fora? Será que Salomão Moyana e “sus muchachos” têm, no desempenho das suas funções, confundido a beira da Estrada com a estrada da Beira?
Pensamos que não! Por isso mesmo, meu caro Salomão, a luta , na qual nos incluímos, continua e...estamos juntos!

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sábado, outubro 13, 2007

Farda, também em Moçambique, não é sinónimo de competência

O chefe (?) do Departamento de Relações Públicas do Comando (DRPC) da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Maputo, Abílio Quive, de sua graça, condicionou a confirmação de uma notícia ao jornalista do “O OBSERVADOR”, Emídio Sambo, à apresentação do certificado de registo do nosso jornal (já agora deveria ter perguntado ao repórter de que partido era, se da FRELIMO ou da RENAMO).
Ora enquanto responsável do DRPC da PRM, Abílio Quive tem o dever e a obrigação de prestar toda e qualquer informação que seja de Interesse Público, contanto que não ponha em causa a Segurança do Estado.
E, se não sabe, é aqui que, no contexto de um Estado de Direito democrático, os órgãos de Comunicação Social entram em cena. Mas o senhor (?) não é culpado. Culpado foi quem apostou em si para lidar com o público!
Enquanto a sua avença, o seu ganha pão, tiver como fonte o bolso e a carteira do contribuinte, Abílio Quive não tem o Direito de violar a Lei, mormente a Constituição que estabelece o Direito à Informação aos moçambicanos.
Mas o senhor (?) não é culpado. Culpado são os seus superiores hierárquicos que não ainda tiveram o senso de saber quem (não), em tempos que não monolíticos como estes que estamos com ele, deve servir a PRM!
A repreensível postura de Abílio Quive contrasta com os apelos e esforços que o Mais Alto Magistrado da Nação (Armando Guebuza) e o Ministro do Interior (José Pacheco) têm feito no sentido de juntos combatermos o crime que, como se diz à boca pequena, conta supostamente com o concurso de alguns agentes da PRM.
Mas o senhor (?) não é culpado. Culpado foi quem um dia pensou (e mal) que o senhor poderia envergar a farda!
Abílio Quive diz que não conhece o jornal “O OBSERVADOR”. Na verdade, de nada nos serve(ria) conhecer um putativo responsável que não lê jornal. É com desprazer que tomamos conhecimento que a PRM tem um putativo responsável de um departamento tão importante como é o de Relações Públicas do Comando da PRM não lê jornal.
Interessar-nos-ia conhecê-lo, isso sim, se porventura fosse um agente à altura do cargo que ocupa e que tivesse uma postura que se compaginasse com o ambiente que se quer num País que se quer democrático.
Mas o senhor (?) não é culpado. Culpado é quem o indigitou para o cargo que ocupa e, por sinal, pretende mantê-lo até ao dia do “São-Nunca-da Exoneração” (acaso conhece este santo católico?).
Nós somos “O OBSERVADOR” e, enquanto parceiros sociais e no contexto da Democracia Participativa, cá estamos para ajudar a construir um Moçambique melhor.
No que a si diz respeito… !

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Povo com «pastor» mas a quem tudo falta

Quando foi eleito para o cargo de Presidente da República, o povo acreditou religiosamente que, tal como diz o salmista no Livro dos Livros (Bíblia), Armando Guebuza seria o seu “pastor” e que nada lhe faltaria.
Passados mais de vinte e quatro meses, eis que o povo confirma frustrado, que nada lhe falta mesmo: crime, inépcia, inércia, corrupção, desorganização, mau uso e abuso do poder que, quando não redunda em prisão arbitrária ou assassinato, se traduz no espancamento de advogados (não tarda os agentes da PRM poderão ir às “fuças” do jornalistas, magistrados judiciais e do Ministério Público, deputados, professores universitários, etc., etc.) e a omnipresença do partido da situação em algumas, mas quase todas, as instituições do Estado, enquanto que a RENAMO, à excepção do seu porta-voz Fernando Mazanga, e a Comunidade Internacional continuam caladinhas!
O Moçambique de Armando Guebuza já garantiu uma página (ou várias) e está a escrever da pior forma o nome do País no próximo Relatório de Direitos Humanos do Departamento de Estado norte-americano e outras ONG’s versadas na fiscalização de Direitos Humanos no mundo.
As liberdades e harmonias conquistadas a 25 de Junho de 1975 no Moçambique de Samora Moisés Machel, consolidadas durante a vigência do consulado de Joaquim Chissano ao longo de dezoito anos, estão a esboroar-se desde que Armando Guebuza ocupou o palácio da Ponta Vermelha.
No meio deste clima de medo e insegurança que se vive em Maputo, há quem fale de um pequeno grupo de indefectíveis de Joaquim Chissano espalhados em algumas, mas quase todas as instituições do Estado com o fito de tramar Armando Guebuza.
Verdade ou não, o certo é corre célere em Maputo que o rebentamento do paiol a 26 de Março de 2007 foi resultante de um acto de sabotagem; consta que o incêndio que recentemente deflagrou no Ministério da Agricultura também foi um acto de sabotagem.
A ser verdade, quem está, afinal, a sabotar a vontade e o esforço de Armando Guebuza para construir um Moçambique melhor?

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Democracia em Moçambique é um adjectivo

Com todas as suas fraquezas e incertezas democráticas, o País caminha a passos largos para consolidação da intolerância e do autoritarismo governamental (político). É que o Governo não tem tido o savoir-fair necessário para disfarçar que o desejo de instituir um Estado de Direito democrático não passa de uma encenação.
Tal encenação, que não se compagina com o Moçambique que o povo sonhou para depois da guerra, tem como escopo primacial o de piscar o olho à Comunidade Internacional para que esta, sem querer querendo, continue a abrir os cordões à bolsa para patrocinar os abusos puros (e duros) e o regresso de Moçambique ao monopartidarismo.
A provar isso está o recente espancamento e consequente alvejamento do advogado Aquinaldo Mandlate por um agente da PRM. É a falência do Estado, Moçambique atingiu o plano zero. Ninguém está seguro, até porque a Justiça é inigualitária!
Não tarda qualquer dia os agentes da PRM irão à Assembleia da República e a aos tribunais, no cumprimento de “Ordens Superiores”, espancar da mesma forma ou pior os deputados e os magistrados. Mas como vivemos no reino da impunidade, está tudo bem!
Porém, de uma coisa estamos certos. Por mais que se avoque a cantilena da democracia e do Estado de Direito lá fora, a verdade é que Democracia em Moçambique não passa de um adjectivo.

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Angola não cede e carrega Mugabe para Lisboa

À margem da IX.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana que decorre em Accra (Ghana), o embaixador de Angola junto daquela organização concedeu, domingo último, uma entrevista ao jornalista e director-adjunto do “Jornal de Angola”, Filomeno Manaças, durante a qual fez questão de deixar (bem) claro, para que não mais persistam dúvidas, que Robert Mugabe vai mesmo participar na Cimeira África-União Europeia a ter lugar em Dezembro próximo em Lisboa, capital portuguesa.
Numa clara demonstração de força e de poder para dizer tudo (e mais alguma coisa) durante o certame, Manuel Augusto não se fez rogado e aproveitou o momento para entoar a cantilena do Governo angolano relativamente ao diferendo que opõem o Ocidente ao Zimbabué. Ou seja, disse, por outras palavras, que o desejo de José Eduardo dos Santos será satisfeito, quer seja ou não do agrado da administração George W. Bush ou ainda de José Sócrates.
À pergunta directa de Filomeno Manaças sobre as últimas declarações de Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros português, segundo as quais o seu Governo não gostaria que Robert Mugabe participasse na Cimeira de Lisboa, Manuel Augusto disparou sem contemplações: “Não acredito que Portugal, se quiser realizar a Cimeira, apresente essa condição da presença do presidente do Zimbabué. Portugal sabe que se essa condição for apresentada a África não vai a Lisboa”. Para um bom entendedor…
Manuel Augusto não parou por aí, foi mais longe afirmando sem papas na língua que África reconhece que não tem o Direito de interferir na escolha dos países europeus que vão estar na cimeira e ao mesmo tempo exigem como reciprocidade que não seja a Europa a determinar quem vai representar África.
O jornalista agora emprestado à vida político-diplomática angolana afirmou que “o problema do Zimbabué só existe para quem não quer a cimeira, porque para quem quer a cimeira este problema não existe. Não existe nenhum problema Mugabe”, sublinhou.
Manuel Augusto não o disse explicitamente, mas o aviso à navegação política é mais do que óbvio: se Washington e Lisboa continuarem a fazer ondas, Angola poderá reservar-se ao Direito de influenciar o resto do continente a não participar na Cimeira de Lisboa, o que, depois do adiamento de 2003, provocaria certamente um amargo de boca e enxaquecas para os EUA e UE que em África vão perdendo terreno para a China, cujo investimento e influência economia e política e vai sendo já conhecido como «o perigo amarelo».

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sexta-feira, outubro 12, 2007

Uma bala nos cornos de Hélder Dias dos Santos

Soube que, no pretérito dia 26 de Maio, um mui encanecido e delinquente à solta que dá pelo nome de Hélder Dias dos Santos, que por acaso quis o acaso que fosse filho do futuro ex-primeiro-ministro angolano agrediu sem dó nem piedade nas ruas de Luanda um professor universitário, de seu nome, Lopes Ferreira.
Não é a primeira vez, nem a segunda e muito menos a terceira que o filho de Fernando da Piedade Dias dos Santos (qual troglodita irascível à cata de banana numa mata qualquer de Icolo e Bengo) toma atitudes do género.
As autoridades policiais, parlamentares, dignitários do Poder Judicial, incluindo o próprio inquilino do palácio da Cidade Alta, conhecem de cabo a rabo as diatribes de Hélder Dias dos Santos. E elas, as diatribes de Hélder Dias dos Santos, só são, e continuaram a ser por tempo (in) determinado, impunes porque o seu pai é do MPLA e é o MPLA que (des) manda em Angola. Só por isso e, acredito, nada mais do que isso.
Os abusos (puros e duros) do filho de Nandó só são aceitáveis porque em Angola os tribunais ainda andam a reboque do Governo.
Prova disso é que o MPLA, sobretudo no interior do País, arroga-se ao Direito arrogante de ordenar que os agentes da Polícia espanquem magistrados, sejam eles judiciais ou do Ministério Público.
Se a atitude de Hélder Dias dos Santos partisse de um pilha-galinhas ou do filho de um qualquer político na Oposição, há muito que estaria a contas com a Polícia. Mas, infelizmente, não é o caso. E como não é o caso, Hélder Dias dos Santos vai continuar a humilhar, a sovar e a escalavrar os angolanos indefesos e inocentes.
Enquanto isso o seu pai vai cantando e rindo por causa das atitudes do seu filhinho.
Enquanto Nandó sorri, eu choro. Choro por causa da memória curta do Primeiro-Ministro. A memória de Nandó é tão curta tão curta que não se lembra do filho do general Higino Carneiro, que por causa da sua excessiva arrogância e abusos à mistura, levou uma bala nos cornos.
Por isso, já que as autoridades (in) competentes não o travam, choro porque qualquer dia Hélder Dias dos Santos será travado com uma bala (também) nos cornos.
E, conhecendo como conheço os angolanos, algo me diz que este dia não está distante.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Polícia bandida... ou nem tanto assim

O Governo moçambicano actualizou recentemente os salários da Polícia da República de Moçambique (PRM), cujos efectivos passam de ora avante a auferir cerca de 60 euros por mês. Apesar de não ser (quase) nada, o referido aumento será, digo eu, um (pequeno) incentivo para os efectivos da PRM que, no contexto do Estado, têm como vocação social e política garantir a tranquilidade e segurança públicas dos moçambicanos.
Porém, os moçambicanos de uma forma geral têm insinuado, por meio de denúncias nos órgãos de Comunicação Social, que a sua tranquilidade e segurança públicas estão entregues nas mãos de uma polícia bandida.
Volte e meia, os moçambicanos apontam o dedo acusador aos agentes da PRM como sendo o desgarante da tranquilidade e segurança públicas que era suposto, possível e desejável existir no país. Ou seja, os moçambicanos têm dito, por outras palavras, que os agentes da PRM são um problema para solução da insegurança e intraquilidade que tomou conta de Moçambique de Norte a Sul, do Leste a Oeste.
Há quem diga (à boca pequena, pois claro!) que a alegada corrupção que grassa no seio da PRM deve-se aos baixos salários que auferem. Há quem diga (à boca grande, mas baixinho, claro está!) que tal se deve ao “espírito de deixar” que durante um período de 18 anos “vigorou” no País.
Se considerarmos que 20 anos é muito tempo, então é lidimo que se admita que fenómenos como o da corrupção, extorsão, espancamento brutais e o fuzilamento de inermes cidadãos na calada da noite estão inoculados no corpo e na alma de alguns mas quase todos agentes da PRM. Logo, não creio (desculpem o cepticismo) que os 60 euros que os agentes da PRM terão como salários daqui em diante irá influir de forma positiva no seu comportamento. Não creio mesmo e, peço desculpas, por isso não tiro o meu cavalinho da chuva!
O comportamento dos agentes da PRM só irá mudar se a FRELIMO proibir (é este o termo) que pessoas com a estrutura mental como a de Mário Matsinha e Marcelino do Santos não mais falem na ACIPOL, até porque falam melhor quando estão calados e mais vistosos quando nesta condição.
O comportamento dos agentes da PRM só deixará de ser anacrónico em relação ao desiderato do Governo quando os futuros candidatos a policias darem provas irrepreensíveis de que a moral, o civismo e a urbanidade, sem esquecer o nível académico, fazem parte de si e constituem a sua cartilha principal desde os tempos de berço.
Doutro modo, seremos obrigados a concluir que o esforço feito por Armando Guebuza e os seus colaboradores para a consolidação do Estado de Direito democrático moçambicano é…simplesmente vão.

Angola, o ANC, a tomada e o focinho de porco

O jornal electrónico «Canal de Moçambique» deu recentemente à estampa um relatório de dezassete páginas que revela que há dirigentes do Congresso Nacional Africano (ANC), a começar supostamente pelo seu líder, que não morrem de «amores» pelo chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos.
O «furo» jornalístico do «Canal de Moçambique» consiste no facto de ter dado à estampa o referido relatório, ter revelado a trama contra o chefe de Estado angolano e ter trazido público o alegado envolvimento de Fernando Miala, antigo director dos Serviços de Inteligência Externa (SIE) no suposto «complot».
O resto, de resto, é por demais consabido. É sabido, por exemplo, que as relações entre Angola e a África do Sul sempre foram cínicas; de cortar à faca (e que a maior parte dos países anglófonos faz coro com o país mais a Sul do continente).
Não há angolano nenhum que, convenhamos, ande por esse mundo afora e não ouça a maldizerem de Eduardo dos Santos. Ouve-se da boca de estrangeiros (com que Direito?) e sobretudo de angolanos (esses, entre os quais me incluo, com todo – e mais algum - Direito). Honestamente, os primeiros não sei por que o fazem mas sei sinceramente por que os segundos o fazem.
Por isso (não) tenho motivos para (até prova em contrário) não acreditar no relatório que, desde o passado final de semana, está a ser disseminado em determinados círculos políticos sul-africanos de Pretória e além fronteiras supostamente por uma determinada ala do ANC. Mas oponho-me frontalmente à interferência abusiva estrangeiras nos assuntos internos de Angola, sejam eles quais forem, de quem forem e donde vierem.
Os angolanos podem, e já demonstraram isso, resolver os seus problemas internos. É como quem diz: em assuntos de família ninguém põe a colher. Outro modo serei forçado a dizer que os sul-africanos, os do ANC, confundem tomada com focinho de porco!

Perversa denegação do Direito de voto à diáspora

O porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) informou esta segunda-feira que o Governo angolano constatou não haver condições para a realização do registo eleitoral no estrangeiro. Adão de Almeida não especificou as razões invocadas pelo Executivo mas sabe-se que se trata, entre outras, da impossibilidade de fazer deslocar os fiscais de partidos políticos para acompanharem o processo devido aos custos que tais deslocações acarretariam.

O «novo puto do aparelho» não disse nada de novo; ou melhor, apenas confirmou o que a maioria dos angolanos suspeitava: a perversa denegação do Direito de voto à diáspora por parte de Eduardo dos Santos. O sobrinho predilecto do presidente da Assembleia Nacional (AN), Roberto de Almeida, não especificou as razões invocadas pelo Executivo. Não especificou as razões por que «mandaram-lhe» não especificar. Também seria dispensável porquanto tais razões, apesar de inauditas, são sobejamente conhecidas.

Eduardo dos Santos não quer que os angolanos no estrangeiro votem. Não quer porque, avisado como é, tem consciência que a diáspora não lhe vai conceder o seu «voto de confiança» como fez uma franja do Povo nas eleições de 1992 no País.

Eduardo dos Santos não quer que os angolanos na diáspora votem (o argumento da falta de condições, para mim, não passa de treta) por ter consciência que vai perder copiosamente em favor de outros candidatos.

Por isso a Eduardo dos Santos não resta outra alternativa senão concentrar-se na captura do voto fácil no País. Voto fácil porque vai custar nada mais nada menos que a promoção de uma maratona alcoólica ao som de Dog Murras numa praça qualquer de Luanda.

Isso quer dizer que o Movimento Nacional Espontâneo (MNE) tem muito trabalho pela frente nos próximos dias.

Nos Direitos Humanos o crime (parece) compensa

Em declarações feitas recentemente à Voz da América (VOA), o jornalista angolano Mário Paiva, um profissional sério, dos poucos que conhece e fala da realidade dos países membros da SADC com propriedade, afirmou que «a eleição de Angola ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU) vem contra a corrente».
«Há no País um grande défice em matéria de Direitos Humanos, particularmente no interior, onde as liberdades fundamentais dos cidadãos são frequentemente atropeladas», justifica o jornalista que prossegue em discurso directo: «Nós sabemos que existem ainda muitos problemas relativamente à Liberdade de Expressão e de Manifestação. Há muitos obstáculos ao exercício do direito de manifestação, quando se trata de partidos políticos ligados à oposição. Se em Luanda se desfruta de um clima de certa liberdade, onde as pessoas participam em debates, e de alguma maneira há o exercício do contraditório, nas províncias isto já não se verifica».
Mário Paiva não fica por aí, vai mais longe ao revelar que «há (da parte do Governo, pois claro!) acções de intimidação em relação às pessoas que eventualmente estejam ligadas à esta ou àquela publicação fora do âmbito estatal». Como cidadão, contribuinte e eleitor, Mário Paiva sabe (e bem) do que fala.
Como jornalista e observador atento dos factos, Mário Paiva sabe (e bem) do que fala. Mário Paiva sabe, tal como a maioria dos angolanos, que a eleição de Angola para o Conselho de Direitos Humanos da Nações Unidas (CDHNU) seria, em condições normais, pretexto para abrir uma garrafa de champanhe para «bebemorar» e, por que não, «comemorar» à boa maneira angolana esta vitória diplomática.Mas tal não acontece(rá) porque se sabe que esta «vitória diplomática» não é dos angolanos e muito menos do MPLA, mas sim de Eduardo dos Santos e do seu séquito.
Mário Paiva sabe, tal como a maioria dos angolanos, que a eleição de Angola para o CDHNU seria, em condições normais, motivo para embandeirar em arco se os representantes do Governo não estivessem agora a preparar-se para, de ora avante, manipularem o quadro real e actual da situação dos Direitos Humanos no País.Mas tal não acontece (rã) porque as Organizações Não Governamentais (ONG’s) versadas na defesa dos Direitos Humanos serão manietadas.
Mário Paiva sabe, tal como a maioria dos angolanos, que a eleição de Angola para o CDHNU seria, em condições normais, razão suficiente para lançar foguetes. Mas tal não acontece (irá) porque se sabe que algumas chancelarias ocidentais em Luanda vão caucionar, como têm feito, alguns mas quase todos atropelos de Direitos Humanos.