O Arauto

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domingo, novembro 18, 2007

O saber e a coragem do Jorge Eurico

Quando o Jorge Eurico me disse que ia lançar, em Moçambique, um Jornal fiquei com a certeza de que, do ponto de vista jornalístico (as matérias económica e financeira são contas de outro rosário), o projecto seria um sucesso. E assim aconteceu. O Observador publicou hoje o seu número 100. O Jorge é daqueles Jornalistas cuja integridade e profissionalismo são à prova de bala. Creio, aliás, que poderá ser Director de qualquer jornal de qualquer país, tal é a sua capacidade de dar voz a quem a não tem, tal é a sua força para manter viva a tese (tão rara nos tempos que correm) de que dizer o que pensamos ser a verdade é o melhor predicado dos Jornalistas.


Por Orlando Castro


Não é fácil. Eu sei e ele também. Mas por alguma razão eu e muitos outros consideramos que o Jorge Eurico é um dos melhores Jornalistas da Lusofonia. Significa isso que o jogo da vida está ganho? Não. De maneira nenhuma. O jogo da vida não tem fim. E, como se isso não fosse bastante, ainda é necessário lutar contra aqueles que por nada valerem passam a vida a tentar derrubar os que querem fazer obra.
Na história da Imprensa de Moçambique, de Portugal ou de Angola (até ver), Jorge Eurico já escreveu brilhantes páginas e tornou-se, por mérito próprio, um dos seus mais puros e destemidos arautos. Esta é, aliás, uma realidade a que poucos têm acesso porque a grande maioria diz que faz enquanto que o Jorge não diz que faz, FAZ.
O Observador, com todas as dificuldades inerentes a quem quer ser independente, já está também na História de Moçambique, queiram ou não (e serão alguns os que não querem) todos aqueles que passam a vida a atirar pedras às árvores que, é claro, dão frutos. Permitam-me, contudo, algum egoísmo. Isto é, sendo o Jorge Eurico um angolano de alma e coração, agora certamente também moçambicano, eu teria uma satisfação ainda mais redobrado se este projecto tivesse nascido em Angola.
Tal não foi possível e quem ficou a ganhar foi Moçambique. E se Moçambique ganhou, de alguma forma toda a Lusofonia saiu igualmente vencedora. Resta-me dizer e dar público testemunho da honra que é para mim ver alguns dos meus textos publicados no jornal que o Jorge Eurico dirige.
Uma honra também por ter um amigo que nunca será derrotado porque, apesar das minas e armadilhas que lhe colocam no caminho, nunca desiste de lutar.
Obrigado Jorge. Que venham mais 100. A Lusofonia agradece e o verdadeiro Jornalismo também.
Artigo publicado inicialmente aqui

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Também vale (ou não?) ser da Sociedade Civil

Tenho amigos que, quer em Luanda ou em Lisboa, militam efectivamente e activamente nas fileiras do MPLA e da UNITA. E se militam, fazem-no muito bem. É, aliás, uma forma de fazerem jus aos seus Direitos civis e políticos que têm respaldo no estatuto jurídico-polítco vigente em Angola.
Digo que o fazem muito bem porque, no que a mim diz respeito, também vou dando a minha modesta contribuição, mesmo que à distância, no sentido de induzir quem está no exercício do poder a tratar o Povo angolano com mais dignidade.
Prefiro dar o meu contributo enquanto membro da Sociedade Civil, por esta via, do que filiar-me ao MPLA ou à UNITA. Prefiro ficar na minha. E assim prefiro porque nos tempos que correm, está mais do que provado, não se adere às causas de um partido, mas sim às portas que o mesmo nos pode (rá) abrir, às oportunidades que o mesmo pode (rá) proporcionar.
Prefiro ficar na minha. E assim prefiro porque nos tempos que correm não se adere voluntariamente a um partido. Hoje convidam-se as pessoas a filiarem-se. E as pessoas aceitam, e suponho que agradecem, mesmo que não conheçam os estatutos e programa de governação da formação política que as convida.
Os angolanos que militam (sem convicção, pois claro) quer no MPLA, quer na UNITA, não passam de oportunos oportunistas. Militar no MPLA é (digo eu) - para alguns, mas quase todos - uma questão de (sobre) vivência e de possuir passaporte e imunidade para tudo e mais alguma coisa.
Militar na UNITA é (digo eu) - para alguns, mas quase todos - sinónimo de estar à espera de agarrar, na oportunidade, aquilo que lhes foi negado pelo partido no poder.
Não condeno ninguém que tenha aderido ao MPLA ou à UNITA por uma questão de (sobre)vivência. Mas a verdade é que pessoalmente não me seduz a ideia de participar neste tipo de jogo, não alinho por uma questão de coerência.
Gosto de defender causas defensáveis. E quando o faço gosto de fazê-lo com todas as forças e convicções que julgo ter.
PS – Anda muita gente a querer saber se morro de amores pelo partido no poder ou se por aquele que deveria, de facto e de jure, assumir o seu papel como opositor em Angola. Não tenho problemas nenhum de revelar tal, mas sucede, porém, que isto nem às paredes eu confesso…por enquanto.
Artigo inicialmente publicado aqui

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quarta-feira, novembro 14, 2007

Quando um País mata o passado é porque não tem futuro

Sob o argumento de terem pertencido à companhias de Seguros do tempo colonial e não mais terem nenhuma serventia administrativa, a direcção da Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE) admitiu explicitamente estar a destruir memórias da memória do ramo de seguros do País. Ou seja, a direcção da EMOSE está a “matar” impunemente uma fonte de informação que corresponde a um determinado ciclo de vida da história do ramo dos seguros moçambicano.
O argumento esgrimido pela direcção da EMOSE não me poderia deixar mais mal disposto. É que para além de me deixar mal disposto faz-me viajar no tempo para me devolver a lembrança da chegada triunfal à cidade de determinadas pessoas - que apenas se tornaram gente em 1975 por obra e graça do advento da independência - que não se coibiram de destruir por destruir, deitar abaixo, tudo aquilo que era do colono.
A atitude da direcção da EMOSE é (se me é permitida a opinião) um crime de lesa pátria, cuja moldura penal…. A postura de quem (des)manda na EMOSE só é admissível num País como em Moçambique que (ainda) não sabe ler.
A decisão da direcção da EMOSE vai privar, num futuro próximo, as futuras gerações de um repositório de informações importantes que bem poderiam servir para os seus estudos no que tange ao ramo de seguros. Tal atitude (digo eu) milita igualmente contra o combate contra a pobreza absoluta.
Será que Armando Guebuza sabe que há Funcionários Públicos que pedalam ao contrário dos seus propósitos no que diz respeito a construir-se um Moçambique melhor?

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sábado, novembro 03, 2007

Velhas novidades de uma UNITA à deriva

A UNITA, que tira cocos do mesmo coqueiro que o partido no poder e anda à deriva (é bom que se diga!) desde a morte de Jonas Savimbi, acusa o MPLA e agentes da Polícia Nacional de ameaçar de morte e queimar residências e haveres de militantes seus na província do Kwanza-Sul, mormente em Cassongue e Cela.
A denúncia feita pelo Galo Negro, não é nova. Não constitui novidade. Não é a primeira vez que esta organização dá conta de actos intolerância que têm tido lugar no interior do País. Ora não sendo a primeira vez, pergunto: o que é que a UNITA fez, tem feito para que os seus militantes deixem de ser perseguidos, surrados, sovados, humilhados e escalavrados? Nada. Ou seja, se a UNITA está a fazer alguma coisa (ainda) não é do conhecimento público.
A direcção da UNITA deve procurar criar condições objectivas e subjectivas para que, em qualquer ponto do País, os seus militantes possam apresentar as suas ideias sem o risco de serem perseguidos, surrados, sovados, humilhados e escalavrados, quando não mortos, só por (não) acreditarem numa causa que não seja do partido da situação.
Não tenho dúvidas, porque não me restam dúvidas, que actos de intolerância e de perseguição política e pessoal aos militantes da UNITA e da Sociedade Civil por parte de alguns (mas quase todos) agentes da Policia Nacional hão-de continuar. Tenho pena é que, apesar do tempo, a direcção da UNITA continue a ver boi e não saiba fazer frente ao Menos Pão Luz e Água (MPLA) que vai segura e garantidamente ganhar as próximas eleições.
E, quanto a mim, vai ganhá-las não por ser melhor que a UNITA (ou não fossem farinha do mesmo saco e bananas do mesmo cacho), mas por várias razões.
Uma delas prende-se com o facto de o MPLA ter o acesso facilitado (e disso abusa) ao erário público a qualquer momento, mesmo em dias de feriado. A outra é o facto de ter uma influência total e absoluta nos órgãos de Comunicação Social (não) públicos.
A UNITA (ainda) não tem acesso aos dinheiros públicos, é verdade. Mas ninguém garante que se um dia tiver a mesma possibilidade não faça igual ou pior. Por outro lado, a UNITA tem a desvantagem de hostilizar/marginalizar jornalistas e determinados os órgãos de Comunicação Social (não) públicos.
Será isso bom para ela? Ou será que a UNITA ainda não aprendeu a fazer política sem armas?

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